terça-feira, 4 de outubro de 2016

Estamos todos em um intercâmbio.

Fim da noite, resolvo olhar meu contador.
50 dias!
Sim, um contador que iniciou com 628 dias mostra agora que faltam apenas 50 dias para o tão aguardado e batalhado intercâmbio. Você tem noção do que isso significa para alguém que sofre de ansiedade como eu?
Mas diferente de tantos outros dias em que minha vontade era apenas sonhar com tudo que viverei nesse tempo hoje minha vontade não é de falar do que me aguarda no velho continente. Não, hoje parei para pensar o quanto decidir partir me fez dar muito mais valor aquilo que não terei todos os dias quando estiver lá.
Desde de que a ficha caiu e que percebi que os dias estavam passando rápido e que logo coisas que amo seriam tiradas do meu dia-a-dia comecei a prestar atenção em muitas coisas que passavam despercebidas.
Mal posso esperar para tirar fotos nos pontos turísticos e não turísticos na Europa, mas foi aqui que comecei a visitar lugares que ainda não conhecia em cidades da redondeza e na minha própria, quantos lugares bonitos eu estava perdendo! Mais que isso, comecei a olhar de forma diferente os locais que passo todos os dias, olhar com atenção como o de quem contempla uma obra de arte.
Durante todos esses dias me preocupei e vi como estava o tempo em Dublin e agradeci a Deus a por cada vez que tive um céu azul em cima de mim, e foram muitos em comparação ao que se tem na ilha. Até dei um tempo nos jogos para poder passar mais tempo caminhando por ai e aproveitar o sol.
Fiquei realmente feliz a cada nova expressão em inglês que aprendi, mas guardei com carinho cada momento que usei expressões que percebi não terem tradução ou não serem entendidas por um estrangeiro. E sorri internamente nas vezes que fiz piadas ou usei referências que podem ser compreendidas apenas por aqueles que vivem na mesma cultura que eu. Percebi sem ter partido o quanto é bom falar com quem nos entende.
Sinto sede só de pensar nas milhares de cervejas que poderei provar, mas senti ainda mais sede de estar com meus amigos e passei a pensar um milhão de vezes antes de recusar um convite que antes parecia fácil dizer não, como tenho pessoas especiais comigo, como é bom estar com eles e quanto eu vou sentir falta de cada um.
Estou ansiosa para conhecer os PUBs e as tais festas Irlandesas, mas não perdi uma unica festa de interior com a família, dancei com os parentes, cantei as bandinhas, e sorri com alma por poder abraçar aqueles que amo.
Quero muito manter minha fé viva durante esse tempo, frequentar missas em inglês e talvez encontrar jovens católicos por lá, mas foi aqui que comecei a viver de forma mais intensa minha fé. Não sei mais faltar missas, dizer não quando precisam de mim ou deixar para a próxima quando se trata de trabalhar por Cristo. Quanto amigos ganhei assim. Quão mais forte está minha fé e quão feliz estou por preencher minha agenda com o que tanto amo.
Estou louca para experimentar a comida e os sabores desse país diferente mas estou comendo com gosto cada comida que sei que não haverá lá. Tomo chimarrão com gosto de saudade, churrasco do meu pai com sabor de nostalgia e cada prato que minha mãe cozinha como se fosse a última vez que eu poderei comer.
Quero conhecer gente nova e culturas diferentes mas em todas as vezes que abracei minha irmazinha vi o quanto é importante estar junto e presente para conhece-la. O quanto ela muda rápido e o quanto é bom colocar ela dormir mesmo que eu esteja com sono, brincar com ela quando estou cansada ou ouvir seus problemas infantis quando estou cheia dos meus problemas de adulto. Como vou sentir falta do cheirinho e do abraço dela..
Quero fazer amigos verdadeiros, mas percebi que minha melhor amiga esteve por 20 anos dividindo o quarto comigo e que eu não soube aproveitar. Passei a fazer o possível para aproveitar mais estar com minha melhor amiga, confiei segredos, mostrei meus erros e medos. Coisa que jamais faria antes. É bom poder ser você mesma com alguém que é tão importante.
Quero muto falar inglês fluente, mas após ver que nada que encontrarei na Irlanda será sequer parecido com o colo e apoio dos meus pais, doeu de verdade pensar em ve-los apenas através da tela de um computador e por isso a meses que fecho os livros ou as video aulas no youtube a cada vez que meus pais me chamam para sentar lá fora, ir dar uma volta, comer algo, tomar um chima, assistir o jogo, ir visitar alguém... não importa qualquer coisa é desculpa para estar com eles, estar de verdade, sem celular na mão, sem pensar em outras coisas. Estar presente, ouvindo, opinando, brigando por que não? Mas estar ali, de verdade. Vivendo cada momento de verdade.
Enfim, se você leu até aqui,por favor comente uma palavra com a inicial do seu nome para eu saber que alguém se prestou a ler... haha brincadeira, voltando se você leu isso tudo pode te parecer um drama sem sentido. Ou uma exagero já que serão somente 8 meses Bom, é dramático talvez, e nem é do meu perfil escrever tão abertamente sobre o que sinto mas ouvi que esse tal de intercambio faz isso. Faz com que tudo fique intenso, a flor da pele. O motivo é por que sabemos que é finito e precisamos aproveitar se entregando ao máximo a essa experiência. Ainda não fui, mas já estou pondo em pratica. Durante esses tempo ouvi muito e de muita gente que eu não devo voltar. Que o melhor é estar lá, em um país de primeiro mundo, concordo! Ou melhor, concordava. Somente tendo aberto os olhos para tudo que tenho aqui que percebo o quanto é difícil abrir mão disso. Bom, eu ainda nem fui, mas já mudei tando que talvez esse meu 'eu' do presente de fato não volte. Ou talvez eu perceba que lá realmente é meu lugar e resolva ficar mais, muito mais. Não sei! Só sei que quero aproveitar cada minuto que estou aqui como se realmente não fosse voltar, e aproveitar cada minuto lá como se já estivesse embarcando de volta pois assim sei que estou aproveitando o MÁXIMO.
Pra finalizar, se fica alguma coisa pra ti de tudo isso que escrevi que seja: não deixe para aproveitar o que você tem agora somente quando você tiver medo de perder, lembre-se a vida nada mais é do que um intercambio.
Clarice Lispector

quarta-feira, 24 de fevereiro de 2016

9 meses

24 de Fevereiro

9 Meses, 39 semanas, 274 dias, 6588 horas, 395 268 minutos, 23716080 segundos... Tempo correndo... 
Tempo de se preparar para uma vida completamente nova, com novas responsabilidades, com novos objetivos, se preparar para o desconhecido. Tempo para comprar aquilo que é necesário,  e até aquilo que não é tão necesário mas apenas para ajudar na jornada, tempo de poupar e muito, nunca se sabe de quanto dinheiro se vai precisar, tempo para estudar o que puder para poder se preparar melhor para essa nova vida que está chegando, o tempo de ter medo, muito medo mas principalmente o tempo de criar coragem, muita coragem. O tempo de chorar e de esperar ansiosamente. Tempo em que se sabe que nunca mais se será a mesma, e que você não tem controle sobre o futuro mas precisa fazer o máximo de esforço para que tudo corra bem, pois muito depende de você. Tempo de se privar de alguns hábitos em prol de algo maior. Tempo de ter desejos, mas também enjoos. Conforme chega mais próxima a data o tempo parece passar mais devar e dormir passa a ser mais difícil. Mas dizem que sentimos falta deste tempo em que seu principal objetivo é apenas chegar na data marcada com tudo preparado.
Então, vamos lá. Falta pouco! 




<3 Faltam 9 meses para o meu intercâmbio! <3